sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Caio F.: Eternidade.

Hoje faz 15 anos que meu escritor favorito morreu, e como tem vários trechos de texto dele aqui no meu blog, hoje senti a vontade de por mais!

"Volta que eu te cuido e não te deixo morrer nunca.''

Meu nome é Caio F.

Meu nome é Caio F. Moro no segundo andar, mas nunca encontrei você na escada
Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.
Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão.
No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa?
(Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.)
Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.
Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.


(Caio Fernando Abreu - Crônica publicada no “Estadão” Caderno 2 de 29/07/87)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Resultado tomografia

Fiquei devendo um resultado de uma tomografia pra vocês né?
Demorei pra falar dela porque quando eu fiz aqui em criciúma, apareceu um nódulo de 1,8! Minha médica pediu que eu fosse para florianópolis pra repetir esse exame, lá fui eu, fui bem tranquila, nem me preocupei, fui com o "eu tenho boa saúde" repetindo pra mim mesma sempre, fiz o exame de novo, e ontem (23/02/2011), tive consulta, exames de sangue, resultados da nova tomografia, e o resultado que eu já sabia, não era um nódulo, ela explicou o que era, disse que muitas pessoas tem, mas nem entendi direito a explicação!

Meus exames de sangue foram ótimos, uma outra menina que me antendeu enquanto minha médica atendia outros pacientes, e a menina falou, "a dra. giovanna disse que teus exames estão ótimos, vida normal, pode até ir pra balada" e eu assim: "antes eu não podia? Vou desde que terminei o tratamento" hehehe, mas ela disse que sabe disso, que a minha médica já falou pra ela que eu já ia! Depois veio a minha médica, e disse que posso fazer tudo, desde que eu me alimente bem!
Aí é que tá, me alimentar bem, sempre foi um grande problema!

Ontem eu senti muito medo quando estava no hospital, coisa que nem sinto, senti medo de ser internada, meu maior trauma de hospital hehehehe, só quem passou por isso mesmo sabe o quanto é ruim, nada melhor que a nossa casa!
Mas graças a Deus, estou mais ótima do que nunca!!

Encontei a Beti no hospital ontem, ela teve que fazer o exame da medula de novo, já fez 5 vezes, eu só precisei fazer uma, mas ela está bem, apezar de a doença ter voltado pra, ela se parece bem melhor que qualquer um com saúde, esbanjando força de vontade, bem diferente de quando ela fazia tratamento comigo, que tava sempre muito pra baixo, agora sim ela buscou muitas forças, e é por isso que ela vai conseguir passar por isso, vai fazer o trasplante logo logo, e acabar de vez com isso!


E é isso gente, apareci pra falar do resultado do exame!
beijos

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Revolta

Gente, peguei isso do blog da Lari, achei um absurdo, e vou por aqui no meu também!

MUITO IMPORTANTE, LEIA:
Juliana Rodrigues faleceu dia 05/02/2011 pela manhã...
Carta escrita por Juliana Rodrigues:

Curitiba/PR, 11 de novembro de 2010

Não seja apenas um cadastrado, Seja um “doador” de medula óssea.


Meu nome é Juliana Rodrigues, 37 anos, casada, mãe de dois filhos (10 e 6 anos). Desde outubro/2009 fui acometida pela Leucemia Linfóide Aguda, doença que trás como sinônimo; internações, transfusões, restrições, separações,... Enfim, queixas iguais a de todos que passam por esse longo e doloroso tratamento em busca da cura. O meu caso tem indicação de transplante de medula óssea e meus queridos irmãos infelizmente não são compatíveis comigo. Fui cadastrada no Registro de Receptor de Medula óssea (REREME), e no Registro de Doador de Medula Óssea (REDOME) encontramos o que não tinha conseguido em minha família, um doador compatível, e para minha grande surpresa não era apenas um, e sim dois 100% compatíveis comigo. Dá para imaginar a minha alegria e satisfação nesse momento? As estatísticas do INCA mostram a dificuldade em se encontrar um doador compatível fora da família, principalmente aqui no Brasil devido a nossa miscigenação, e eu descobri que tenho dois compatíveis. Eu nem acreditava que meus problemas estavam perto de minimizar, e por que não dizer acabar? Considerando que o transplante de medula é minha única chance de cura. Mas infelizmente veio à notícia bombástica, um não podia doar por estar passando por problemas de saúde e o outro “desistiu de doar”. Essa possibilidade é imaginada, mas não é esperada, já que o indivíduo se cadastrou como doador voluntário de medula óssea sabendo exatamente a que estava se propondo que é doar esperança para depois doar vida, desistiu porque tinha “medo”... Meu Deus! Que sentimento é esse que chega ser superior ao de salvar o seu semelhante? Saber que estar em suas mãos fazer a diferença na vida de uma pessoa não foi suficiente para fazê-lo (a) vencer esse MEDO, refletir sobre o mandamento que Deus nos ensinou “AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO”, talvez tivesse ajudado a vencer esse sentimento terrível que me negou a oportunidade da vida e o convívio com meus filhos, meu marido, meus pais, meus irmãos, meus familiares. Enfim com todos que eu amo e que fazem parte da minha luta constante pela sobrevivência. Assim, diante dessa situação por mim vivenciada, sinto necessidade de divulgar este desabafo e ao mesmo tempo apelo, objetivando que outros pacientes que esperam por um doador compatível, não venham passar por essa tristeza e frustração.

Aconselho a todos que se cadastraram e aos que pretendem se cadastrarem como doador voluntário de medula óssea a terem plena consciência da responsabilidade que estão assumindo ao levar esperança para quem precisa. Isso não é brincadeira, são vidas que estão em jogo e que sua decisão pode fazer a diferença entre a vida e a morte de alguém.

Assim, Não seja apenas um cadastrado, Seja um “doador” de medula óssea. Com esse gesto de amor e solidariedade ao próximo você salva vidas, o que é melhor, ainda em vida.

Juliana Rodrigues


Gente, como pode isso? A menina conseguiu dois doadores, coisa única, doador de medulo hoje é muito difícil encontrar pessoas fora da família compátiveis, e ela encontrou dois! Tá certo que um não pode mesmo doar! Mas o outro? Deixou de salvar uma vida por medo? Sendo que ele se acadastrou como doador voluntário, deu espeanças pra uma pessoa, e no fim desistiu, isso não é coisa de uma pessoa humana! Por causa do medo de doar, uma outra pessoa morreu, uma pessoa com uma família, dois filhos pequeno, teria uma vida inteira pela frente!
Quem dera eu, poder salvar uma vida, eu ia me sentir a melhor pessoa do mundo!
Eu já fiz teste de medula, dói, dói na hora, mas passa!
A pessoa que se cadastrar, e receber a notícia de que pode salvar uma vida, devia se sentir a melhor pessoa do mundo, pular de alegria, pensa, a emoção que deve ser poder salvar uma vida!
Mas né!

Se tem medo de doar, não se cadastra, nem dê esperanças pra uma pessoa!
É, isso ai!
Fiquei revoltada com isso, e resolvi desabafar!

Beijos

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

5 ml de esperança

http://www.vimeo.com/18162057

Esse é um trabalho de conclusão de curso da Hemilin, que aliás, foi uma paciente, teve Leucemia, e venceu a batalha. Ela se tratou com a minha médica também, que aliás aparece no video!

O video realmente é lindo, me emocionei com as pessoas que conseguiram um doador, e com as que estão esperando por doadores. Só mostrei esse video pra minha irmã, e ela falou, amanhã quero ir lá no hemosc me cadastrar! São só 5 ml pra se cadastrar e assim poder salvar uma vida!

O video é lindo, vale a pena vocês tirarem um tempinho pra assistir! E olhem a minha médica, dra. Giovanna, meu anjo, bem linda no video!
Como sou puxa saco hauhauahua

http://www.vimeo.com/18162057



Beijos, e fiquem com Deus!